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quinta-feira, 8 de julho de 2010

Eleição por Graça

Um conto:
“Em uma cidade remota, vivia um homem de raros dons. Era um famoso escultor e praticava também as artes marciais. É preciso mencionar que tanto em uma como outra era um verdadeiro mestre.
Lamentavelmente vários de seus amigos não o entendiam. Alguns criam que para ser escultor era necessário um caráter doce e manso. O resto pensava que um praticante de caratê devia ser um homem duro, violento e de quem todos tivessem medo.
Convidou, então, a todos os seus amigos. Queria que observassem suas habilidades.
Antes que os amigos chegassem à reunião, o homem tomou uma massa de barro e a dividiu em duas partes. Com o primeiro pedaço moldou uma formosa escultura. Tratava-se de um conjunto de pessoas, animais e flores num grande bosque. Pintou a obra de arte e a endureceu no forno. Com o outro pedaço de barro construiu um bloco sem forma e também o cozeu.
Os amigos chegaram no dia marcado e ele decidiu retirar primeiro a escultura.
- Que sensível e doce és! Tua obra é mui fina! Exclamaram maravilhados os presentes.
Respondeu o mestre:
_ Obrigado pelo elogio! Porém, na realidade não somente me dedico à escultura.
A resposta do artista deixou muitos de seus amigos perplexos. Dirigiu-se a seu ateliê e trouxe até o lugar onde as pessoas estavam reunidas, o grande pedaço de barro cozido.
_ Existem outras artes que não requerem sensibilidade, disse com voz grave.
Depois de alguns segundos, lançou um grito e com sua mão estendida rompeu de um só golpe todo o bloco solidificado.
Aqueles que assistiram, se deram conta do que o mestre lhes comunicava. A verdade é que ele era sensível e doce, porém, também era forte. Era melhor ser seu amigo.
Deus é como este artista. Alguns o vêem como um pai amoroso que não faria dano a ninguém; outros o percebem como um Deus que estabelece justiça, castigo e repreende. No entanto, nenhum dos grupos pensa corretamente. O apóstolo Paulo tinha a idéia correta de Deus: “considerai, pois, a bondade e a severidade de Deus” (Rm 11.22). No conto mencionado, o barro moldado representa os eleitos e o bloco sem forma os reprovados.
Se bem que a misericórdia de Deus não poderia manifestar-se sem a existência de pecadores, tão pouco o justo juízo de Deus poderia igualmente se evidenciar sem a existência de condenados. Devemos amar e temer a nosso Deus a misericórdia e a justiça divinas se completam; não se contradizem e dependem uma da outra. São como os dois lados de uma mesma moeda; a moeda se chama “predestinação” e os dois lados, “eleição” e “reprovação”.
Prof.Ricardo

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